A vesícula biliar é um órgão que está aderido ao fígado, responsável por concentrar e armazenar uma substância chamada bile que é, na verdade, produzida pelo fígado. Possui íntima proximidade não apenas com o fígado mas também com a própria via biliar, pâncreas, estômago, duodeno e cólon.
A bile possui três componentes básicos: sais biliares, colesterol e fosfolípides (além de água). Havendo qualquer desequilíbrio na metabolização desses componentes, pode haver a precipitação de cálculos (pedras).
Essa substância funciona como um detergente, responsável pela quebra das moléculas de gordura que ingerimos com os alimentos para a sua absorção no intestino.
Estima-se que cerca de 10% da população seja portadora de colelitíase. Esta doença é mais comum em mulheres, após os 40 anos de idade, pacientes portadores de sobrepeso/obesidade, multíparas (pacientes que já tiveram filhos) e com antecedente familiar da doença.
É uma doença que pode ser completamente assintomática, sendo muitas vezes diagnosticada durante exames de rotina/“check-up”. Entretanto, também pode se manifestar com diversos sintomas, como dor epigástrica (“dor de estômago”), empachamento, intolerância alimentar, vômitos e diarréia. O quadro clínico mais clássico é a dor na região epigástrica e à direita principalmente após ingestão de alimentos gordurosos. Frequentemente, pode ser confundido com sintomas de gastrite e dispepsia.
Eventualmente, os cálculos podem levar à inflamação aguda da vesícula biliar (conhecido como colecistite aguda) e a migração do cálculo para o ducto biliar principal (coledocolitíase) que ainda pode complicar com colangite aguda e pancreatite aguda. Em casos crônicos, de pacientes que têm seguidas crises de dor sem tratamento adequado, pode ocorrer a formação de fístulas com o próprio ducto biliar principal (conhecida como Síndrome de Mirizzi), estômago, duodeno e cólon. Todos esses são complicações desta doença chamada “colelitíase” que, quando ocorrem, podem aumentar significativamente a complexidade do tratamento, com riscos eventuais ao paciente.
O tratamento é cirúrgico através de procedimentos minimamente invasivos como a videolaparoscopia e cirurgia robótica de portal único e visa a retirada completa da vesícula biliar juntamente com os cálculos / pedras. Este procedimento é chamado de colecistectomia. O paciente geralmente tem alta hospitalar até 24 horas após a cirurgia. Entretanto, em casos complicados, pode ser necessário estender esse tempo e também a associação de outros procedimentos.