O câncer gástrico é o segundo mais comum do aparelho digestivo. Os principais tipos de tumores são: adenocarcinoma (95% dos casos), linfoma, tumor estromal gastro-intestinal (GIST) e tumores neuroendócrinos. É mais comum em homens do que em mulheres e geralmente surgem a partir de sexta década de vida.
Os principais fatores de risco são: população oriental (Japão, China, Coréia), gastrite atrófica, infecção pelo Helicobacter pylori, fatores alimentares (ingesta rica em sal, defumados, nitratos), obesidade, anemia perniciosa, infecção pelo EBV.
A maior parte dos tumores se localiza na região do antro gástrico (aproximadamente 60%). Podem se manifestar com dor, empachamento, perda de peso, falta de apetite e fadiga. Frequentemente, podem ser causar de anemia crônica pelo sangramento lento e persistente.
O método diagnóstico mais eficaz é a endoscopia digestiva alta, que é capaz de realizar biópsias, avaliar a extensão do tumor, bem como afastar outras causas dos sintomas.
Confirmado o diagnóstico de malignidade, faz-se necessário também a realização de exames de tomografia computadorizada do tórax e abdome para avaliação da extensão da doença e procura de metástases (chama-se estadiamento clínico). A depender da localização exata do tumor, pode haver invasão de estruturas nobres como, aorta, tronco celíaco (principal artéria que irriga os órgãos digestivos do abdome superior), cólon, fígado e pâncreas. A ultrassonografia endoscópica (eco-endoscopia) também é útil para avaliação detalhada do grau de invasão do tumor bem como a realização de biópsias de linfonodos locorregionais suspeitos para metástases.
Em casos muito precoces, é possível a ressecção por endoscopia. O tratamento de escolha é a ressecção cirúrgica – gastrectomia. Pode ser total, subtotal (retirada de cerca de 80%), ou “em cunha”. É portanto, um procedimento cirúrgico de grande porte sujeito a complicações graves. A via de acesso preferencial ainda tem sido a via aberta convencional, no intuito de retirar não apenas o estômago (ou segmento do estômago acometido), mas de realizar um esvaziamento linfonodal (linfadenectomia) adequados para estadiamento anatomopatológico e evitar recidivas. A via minimamente invasiva (videolaparoscópica ou robótica) também tem sido utilizada, em menor escala, mas apresenta resultados animadores. O que vai determinar a extensão da ressecção é o tamanho e localização do tumor (tumores maiores e na parte mais alta do estômago podem requerer ressecção completa do estômago) bem como o tipo de tumor com que se está lidando (por exemplo, os GIST podem permitir ressecções menores chamadas “em cunha” sem necessidade de esvaziamento ganglionar).
Para restabelecimento da via alimentar, via de regra, utiliza-se do próprio intestino para ser anastomosado (“ligado”) ao esôfago (nos casos de gastrectomia total) ou ao coto gástrico remanescente (nos casos de gastrectomia subtotal).
Os tumores da transição esofagogástrica têm se tornado cada vez mais comuns e geralmente requerem tratamento agressivo, com retirada total do estômago e, às vezes, retirada tanto do esôfago quanto do estômago, o que aumenta ainda mais o porte do procedimento.
Aliado ao procedimento cirúrgico, a utilização de radioterapia e / ou quimioterapia são frequentemente utilizados, seja para diminuir a extensão do tumor no pré-operatório quanto para tentar evitar recidivas no pós-operatório.
O tempo de recuperação varia com o tipo de cirurgia realizada. Muitas vezes, mesmo com a retirada total do estômago, os pacientes conseguem voltar a se alimentar praticamente sem restrições.